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adstera

lundi 13 juillet 2015

A felicidade obriga a fazer propaganda


Não venha com essa trivialidade esfarrapada de que não devo gritar a minha felicidade e os meus vultuosos sentimentos aos quatro cantos, cinco mil ventos e trilhões de esquinas. Não repuxe o clichê de que a inveja tem sono leve e que é melhor não estampar os lados positivos por aí. Não acesse meu tímpano para discursar no pé do meu ouvido perito e calejado que o amor é algo tão íntimo a pronto de não necessitar ser demonstrado publicamente para ser sentido. Porque quando o seu time de futebol ganha, você faz postagens consecutivas, solta fogos e liga para Deus-e-o-mundo. Quando você está numa noite animada e com seu ego elevado, achando que o cabelo ficou bem naquele dia ou que a roupa estufou seu peitoral, você tira trinta fotos e faz publicações em tudo quanto é tela. Você é publicitário da sua alegria, como todos são. Então não diga para que eu faça o contrário, não diga que um sentimento deve ser retraído em endereços de quatro paredes apenas por receio de olhos-gordos. Se você firmar esta alegação, vai ser a prova de que, no fundo, não existe valor nenhum aqui a ser compartilhado.

Uma cobiça, ciúme alheio e/ou macumba de gente corrompível iriam fazer com que você parasse de praticamente escrever na sua testa sobre cada grande conquista do seu dia? Como quando subiu de cargo e tirou aquela foto com seu novo terno, largando pela legenda a novidade-feliz. Você diz que fulano-da-empresa-tal é invejoso e que não sente uma boa energia em cicrano, sabe que eles podem ver esse seu mundo explicitado e, ainda assim, você não evita jogar na cara do cosmo inteiro o que tem o feito bem, o que aumenta sua vaidade.

E o que seria do amor ou de qualquer sentimento grande o suficiente para ser levado a sério, sem a admiração? Sem a sensação do bem-estar, do orgulho em ter quem tem do lado. E o que seria do orgulho sem a ânsia de espalhar o motivo pelos chãos onde pisar? Tudo o que faz bem é dito, é mostrado sem medo, é a nossa torta na cara do mal e não estamos nem aí.

Concordo sim que antes daquela realização é bom não cantarolar a informação para quem não confia. Não é só a questão das cargas energéticas que os outros vão enviar e que podem ter consequências (e tem gente que nem acredita nisso), mas é a prevenção mesmo, de daqui a pouco dar tudo errado e ter um bando de gente que ao invés de só entender e lhe dar força, vai caçoar e emporcalhar a sua figura por trás. Mas no caso do amor não é assim. No caso do que já existe não é assim. No caso de qualquer relacionamento não é assim!

Um relacionamento não é baseado apenas no seu resultado final e, normalmente, olha só: Quem sai ferido é quem mais ganha. Porque, geralmente, quem se machuca não é quem foi sem princípios, sem garra ou sem paciência. Então não tem como sair perdendo completamente em algo assim, não tem como temer o que os outros dirão, porque não há total vitória ou derrota. Não tem desculpas para não querer contar para o mundo. Só não fazemos publicidade do que não nos dá um completo regalo ou, ao menos, do que não alcança uma imensa satisfação.

Só não lançamos algo no mundo quando existem mais dúvidas do que afetos, porque mesmo antes do seu time ganhar, você não esconde de ninguém para quem torce e a sua alegria esbanjada pelo desejo de que vença o seu preferido. É simples. É básico. E eu sei bem: Todos somos marqueteiros do que nos dá agrado com entusiasmo... E se não somos, não é pela desculpa pilantra do medo das invejas, porque elas sempre estão de olhos abertos e isso nunca nos fez deixar de tacar nossos açúcares nas suas retinas. Quando não fazemos o comercial é porque falta. Falta algo ali para que achemos que aquilo vende bem, para que achemos que combina conosco, para que achemos que merece nosso prezar orgulhoso. Ninguém vende o que não acredita ser bom produto quando tem opção. E eu não viro cobaia de quem faz questão de calar meus pareceres.

A felicidade obriga a gente a fazer propaganda. Se não, não é felicidade inteira. Faz parte dela o gosto de contar com o orgulho.

Amor não explícito não é amor. Paixão não explícita não é paixão. Faz parte do respeito berrar os imensos por aí. Tudo o que é enorme precisa ser externizado por não caber. Tudo precisa do testemunho, e nesses casos precisamos de plateia para garantir o documento, não para ouvi-las, mas para que elas nos vejam, e basta. 

Os gigantes não são influenciáveis a ponto de uma falácia os derrubar. E mais do que isto: Os gigantes não tem temor do que vão dizer, só vive em prevenção quem tem culpa no cartório. Quem esconde não sente. Quem mostra não mente.

A inveja ganha é de quem dorme demais. E quem dorme demais é quem tem medo, ou melhor, gaseificadas incertezas. E quem tem incertezas a ponto de dizer ser medo, não sente algo maior que o pânico. E quem não está sentindo algo maior que o pânico, realmente não merece me gritar ou ouvir meus homenageados berros nas escadas de uma campanha que é fraca demais para a minha capacidade publicitária. Já que, tudo tem um pouco de terror, mas é só chegar uma gotícula de real glória e pronto, dá vontade de contar para lá e para cá. E quem não é a glória de quem está ganhando seus outdoors, não deve acreditar em falso investimento para pouca propaganda. 


Confira mais uma das crônicas desta autora: "O que querem as mulheres", clicando aqui.

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