Te mar, com todo o meu amar

Hoje li algo que dizia mais ou menos para que procurássemos  alguém que não só nos completasse, mas que nos transbordasse. E você me transborda. Em cada fresta, em cada espaço, em cada poro. E é sempre para dentro, para o coração. E quando está dentro, dá carinho a cada superfície e paz a cada profundeza. Caminha em passos lentos sem retirar os olhos dos meus. Passeia por minhas costas enquanto descanso em teu peito. Por vezes vens em ondas fortes. Mas costumas ser maré calma. E quando escorres por mim feito rio, é quando perdoo tuas tempestades efêmeras e me entrego ao nosso esquecer do tempo, que só a gente conhece tão bem. Ah, meu bem, e se me esqueces no canto da cama, o que transbordam são meus olhos. Mas você não demora no cuidado do que é teu. Seca o necessário de mim. E corre atrás das minhas mãos em meio ao labirinto dos lençóis. Mas quando acha, acaba por não soltar nunca, nunca mais. Não sei se é o que peço, mas pareces fazer por gosto. E quando a maré abaixa, e a areia ouve nossa respiração alterada, nossas ondas repousam uma sobre a outra até o silêncio ser o único som presente. E nesse instante, em que nossas águas misturadas se confundem, tudo em volta sussurra um pertencer recíproco. E que saibas bem: não importa a distância, o tempo ou a forma, poderás sempre fazer-se nuvem e vir chover em minhas águas. Eu o farei toda a vez que a saudade transbordar. E se bem lhe conheço, teu colo estará sempre ali para acolher o que vier de mim. Eu te amo. Do jeito mais profundo e inteiro que se pode amar. Sem condições ou barreiras. Nosso amor é livre como o mar. É verdadeiro. Sempre volta. Não importa quantas vezes vá.