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adstera

jeudi 9 juillet 2015

Sobre breves segundos


Viajei por certo monte de minutos ontem. Hoje também, e que não surpreenda. A linha da estrada continha a antiga melodia. Lembra-se? Aquela que pode ter aparecido na trilha sonora dos filmes de Julho. Não me enganaria sobre a data. Mas que já se foram dois anos.. Estava deitada sob um céu azul cor dos olhos de alguém que vi ao contornar a calçada do bar. Aquele da praça, lembra? Eles mudaram bastante as luzes, as sombras e os ângulos de lugar por lá. Ou talvez eu tenha mudado... Não foi o dia, pois domingo estive lá novamente. Mas o caminho é o que tem de importante para a chegada. Pensei na idade que temos e em todo o verde que aquelas florestas continham. Depois, por consequência ou "humaneza", pensei em nossos filhos e em todo o verde que fugiria-lhes. "Nossos" (ri de mim mesma), que tolice! Essa minha mania de nos colocar em primeira pessoa do discurso acaba por fazer brotar sentimentos além do papel, mesmo apesar dos infinitos plurais que cercaram as interseções dos nós. "Nos colocar"... Ah! Por acaso lembrei daquelas manias, ao passar pelo casal no banco iluminado pelo poste solitário. Passei a mão no cabelo, pondo atrás da orelha disfarçadamente. Manias. Gostar e não do que via. Ele pegou as mãos dela, deu um beijo, depois outro, e depois colocou dentro do casaco dele, para aquecê-las, claro. E prosseguiu com os beijinhos curtos e ágeis, engraçadinhos. Manias. Andei tirando umas fotos também. A neblina pairava sobre as montanhas, sem encostá-las. Mas não era incerteza. Era exatamente a confiança de estar sempre ali, acariciando-as, pois sabia que se fazia necessário. Não era a falta desse tipo de convicção. Por que diferente de nossos fins? Pergunta boa de se fazer ao esquecimento. Não me leve à mal, mas tenho procurado desviar-me de quem deseja me trazer o contrário do que busco. Há dois dias eles vem tentando trazer-te à tona em palavras, cheiros, sussurros ou apelidinhos que não fogem ao familiar. Ainda estou aqui. O que foi brevemente dito dei conta em duas ou três garrafas de desilusão. Mas só até sexta. Sábado aquele lugar é outro. Qualquer um criticaria a minha tamanha falta de conveniência na escolha dos meus vocativos, principalmente agora. Ou nem tão principalmente assim. Que os sãos vivam considerando-me o oposto deles. Prazer sobra-me. Nem tudo deve ter motivos, por isso, questione sozinho sobre a razão de estar a conversar, imaginariamente, justo contigo. "Contigos", naturalmente. Embora até me cause estranheza, deu saudade de contar esses episódios inúteis, cotidianos. Sábado à noite as luzes estavam acesas e as mesas postas até o fim do limite das calçadas. Muitos turistas, música ao vivo e um frio congelante e suportável. No retorno da análise dos ambientes, foi ganhando forma a figura principal dos flashes posteriores. Sete. Alto e relativamente magro. Seis. Barba, cabelo um pouco bagunçado. Cinco. Olhos. Quatro. Olhos profundamente claros. Três. Os olhos se encontram. Dois. Um desvio. Um. Um encontro e outro desvio. Um encontro. O encontro. Meu desvio. Sua insistência. Meu sorriso. A boca entreaberta. Seu sorriso. Sua mão a bagunçar o cabelo. Seus olhos fechados numa espontaneidade de vontade. Viro a esquina. Ando alguns metros, entro no carro. Aquelas foram as frações de minutos mais intensas em conjunto com as luzes, as sombras e os ângulos que haviam mudado desde aquela vez. Lembra? Não? Pois bem. Contei os segundos. Nunca mais nos vimos.



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