É que quando a gente ama, a gente tende a esperar que o mundo nos entenda. Achamos que nada pode ir contra a nossa palavra, e que as condições não são justificáveis. Esquecemos que o mundo já viu a mesma história mais de um bilhão de vezes a cada século. Esquecemos que ele é muito mais experiente que nós e foi a paciência que o fez chegar até aqui. Mas quando a gente ama a gente não pensa em nada além dos olhos dele. Não existe nada além daquele abraço e do calor da sua voz. Quando a gente ama, a gente esquece que está com fome, e muitas vezes vamos dormir sem jantar. Porque amar é algo que a gente consome enquanto é consumido. E quando a gente sabe que esse amor é recíproco, então o mundo só faz sentido se um puder morar no outro. Então brigamos com os pais, queremos morar sozinhos, fazemos planos, pulamos a faculdade, desenhamos a casa, juntamos moedas, escolhemos os destinos das viagens e os nomes dos filhos. Até pensamos na aposentadoria, e o lugar em que vamos estar à essa altura. Mas só esquecemos do essencial: somos feitos do agora. E agora é cedo. Muito cedo. Estamos apenas acordando. E temos tanto pela frente... Tenho pensado no porquê das coisas. Sempre achei lindas (apesar de um pouco incompreensíveis ao meu tempo) as linhas da história de minha avó materna. Tanto tempo de zelo, tanta espera, tanto silêncio até simplesmente tocar a mão do namorado. E os gestos a seguir, igualmente cuidados e valorizados. Uma vida de total entrega e dedicação um ao outro. Uma imagem que ficará para sempre na memória de todos que os conheceram. E tão simples... por fim eu entendi. Agora eu aprendi que, no fundo, amar é viver cada pedacinho do agora, sem pressa, sem tropeços. Porque lá na frente, vai ser muito mais bonito lembrar que você apreciou cada pequeno contorno daquele sorriso todos os dias, do que chegar ao fim da vida sem conhecer de fato nenhuma ruga.
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