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jeudi 31 mai 2012

Último Suspiro

"Você ama até não amar mais, você tenta até não poder mais
E ri até chorar, e chora até rir
E todo mundo deve respirar até o último suspiro"
– Regina Spektor, On the Radio
Prometo, essa é a minha última carta. Meu último suspiro.
De novo à você.
Nós nunca daríamos certo. É o que dizem os incrédulos, os desiludidos, os magoados e os racionais. Eu até acredito. Sou incapaz de discordar. Nenhum de nós sabe como lidar com tudo isso. Um tudo, um nada, um tudo de nada meio vazio. A metade que falta o que não completa. Um turbilhão de sequências ilógicas, confusas e, por enquanto, incógnitas. E não se decifra, apenas analisa. À distância, nada de ir afundo. Assim está bom. Suficiente. 
E se a oportunidade surgir, será que escaparíamos de nós mesmos?
O mistério se traça, a dúvida paira sobre a pergunta. Você ficaria aqui ou iria? Ou, melhor, será que faríamos tudo isso juntos? E ainda não sei da nossa força, se amanhã existiremos ou se hoje daremos o último suspiro. Se o adeus será bonito e se daqui, ninguém sairia ferido. Ou que assim fosse, quem declararia trégua e quem seria a vítima? Se meu desatino for de não amar, se eu simplesmente não quiser? Da minha vontade e da sua,  de quem prevaleceria? Ainda é cedo e compreender até os meus próprios sentimentos não é algo tão simples assim. Às vezes esqueço que pertenço a um mundo, que às vezes meu sangue ferve antes da hora e perco a vontade de voltar atrás. 
Nem sempre percebo meus erros. 
Mas você também erra. E esquece das vezes que a palavra proferida machucou o destinatário. Que me feriu mais do que imaginava. Eu engulo em seco, que lá nas entranhas da alma, sei que não vai servir para nada. Prefiro não falar. Ou o silêncio que preocupou por pouca coisa, de algo que nem deveria ser discutido. Minhas incertezas são as nuances de como chegamos até aqui e onde chegaremos. Meus medos que talvez sejam os mesmos que os seus, e que daqui ninguém quer sair magoado. Eu te entendo. 
Mas você tentou se convencer do contrário tantas vezes.
E não adianta. Explicar para quem não quer entender não é algo que valha a pena. Você duvida, recua, não compreende. Minha impressão é de que você não confia em mim. Que eu digo algo que você quer ter certeza do oposto. Que você gosta de mim quando acha oportuno, ou que te desejo ao meu lado quando sinto falta. E não é bem assim – não para mim. Então, me diz, como pôde não acreditar no que eu lhe falei? Eu não mentia. Isso desperta uma vontade de lhe dizer uma dúzia de mentiras, para pensar a verdade. Nada espero, e honestamente, pedir para você mudar não é a melhor opção. Eu também não mudaria. Não importa o quanto eu tente, meu pensamento continua em você. A sua silenciosa onipresença só torna a ausência mais dolorosa, a cada vez que sinto o tempo passar, dos meses que já não comemoramos mais. Não há melodia que me persiga mais que o som da tua voz. Por segundos me permito acreditar que ainda podemos ser diferentes. Mesmo com toda a distância que só reforça o que eu já tenho a certeza: Não tenho forças para isso.
E para ser sincera, não consigo mais acreditar na nossa própria força – juntos.
Você gostava de dizer das vezes que sentia minha falta e de como contava os dias para o reencontro. Apenas para garantir que eu sentia essa mesma saudade. Que a chama não se apagou, que os nossos olhos ainda continham as mesmas chamas ferozes que sempre inflavam quando nos víamos depois de tanto tempo longe. E então, retomo ao começo dessa carta, que diferente das outras que já te escrevi, desejo enviá-la. Uma última. Ainda que digam que jamais daríamos dar certo, mesmo com uma força que não sei mais se existe, insisto em nós e em todas as baboseiras que move os apaixonados. Não que eu precisasse disso. Que eu precisasse de amor e as coisas loucas que o move. Mas nossa sintonia nunca mais foi a mesma. Não que você significasse o mundo para mim, mas é a parte que mais gosto de estar. É em você que me refugio, que desejo a cada segundo que não se vá – apenas fique aqui, sem duvidar da tua importância e de tudo que um olhar sincero pode contar. Não que eu acredite que nosso fim esteja próximo. Eu apenas queria… Que não acabasse. Não assim, às metades, aos vazios, ao além. Num último suspiro que roga por paz, sem nada dizer, desistir – dizer adeus, sem ao menos entendê-lo. Eu sei, não sou eu quem posso evitá-lo. Mas nós podemos. É o que te peço. Não deixe acabar. Só isso.
Com amor, sem despedidas,
Mariana.

mardi 13 mars 2012

Tempestade

O gelo entre a carne e a alma. A necessidade de um corpo para aquecer, num nuance de êxtase, o contato, a pele, confessar que na ausência a temperatura despenca, quase num suicídio mútuo de calores que só se fazem juntos. A inexistência na tempestade, se ao meu lado já não está. E ao lamentar pela sua falta, não mais entendo se é saudade ou frio. Se isso que sufoca-me a garganta é vazio ou a própria abstinência de mim nos últimos meses. Lá se vem, aqui se vai – um ano do nosso adeus. Em uníssono, o despertar da realidade, da saudade, da verdade e tantas outras coisas que nem no pranto encontro mais: o consolo. Tenho certeza que ainda estou a me desvencilhar desse pesadelo, dos olhos ofuscados, o manto que encobre-me e permite a visão apenas do passado. Das vezes que tive vontade de abraçar-lhe, aproximar teu coração do meu, tocar tua alma com a ponta dos meus dedos. Pequenas sensações em algo que foi um sinal para você. De distância. Meu sofrimento, a angústia de quando tive de admitir – nos perdemos, eu me perdi. A melancolia não cessou, as lembranças ainda enfrentam minha razão e se afloram a cada vez que a emoção se pronuncia. Choveu. Aqui dentro e por fora. Ao invés de um abrigo, encontrei-me no desafio de encarar essa tempestade. A culpa de tudo isso é minha.
As janelas ficaram abertas e eu deixei que inundasse. 
Afogamos. Morremos, antes que pudéssemos nos manifestar.
Um aceno cordial, a proeza do fim. Ausência não, rota de fuga. Rodeados por tantos motivos de nos deixarmos, assim fizemos. Eu insisti em não nos deixar, mas você já tinha me abandonado sem dar satisfações. O enredo do meu apuro, a insaciável vontade de lhe dizer que aquela tempestade que nos levou embora, fora o ímpeto da vida. O curso seguiu depois que o vendaval nos levou longe demais. Já não podíamos voltar para casa. Em que caminho estávamos? Sabia que ali, a distância já era maior do que a minha vontade de voltar poderia permitir. Minha necessidade era mais de colo que do próprio ar que não alcançava meus pulmões. Não encontrei o primor dessa saudade, até porque sentir falta de alguém não o traz de volta. A tentativa fugaz de tirar-lhe dos meus pensamentos, escrevendo mais uma carta que representa o quanto às vezes o caminho que escolhi é sinuoso demais. Vertigem. E tudo que aqui redijo, mais uma carta frustrada que não tenho a intenção de lhe entregar, não passa de mentiras mal contadas, sobre o passado, o contagiante passado que estivemos juntos. E que, depois desse marco, desse golpe fatal do fim, sigo adiante, inanimada, de pulso fraco, ainda sem compreender como meus pés ainda movem um depois do outro. Se sigo, ainda não sei para onde estou indo.
A tempestade continua dentro de mim.
Soube que o tempo foi capaz de mudar coisas demais. O suspiro que ofega no meu peito, roga por mais ar, mais sentido, mais vida. Estampo um semblante de que tento evitar olhá-lo, sem pouco negar-lhe agora um sorriso. E assim faço, quando você logo corresponde. Isso me inebria, um calafrio percorre meu corpo e tento entender quantas mudanças aconteceram em nós desde então. Por distração, perco seu olhar, tiro-lhe de vista e continuo indo na direção contrária de onde você está, procurando entender a diferença da tempestade que me inundou mas não abalou você. A gente não tinha se enfiado nessa juntos?
Escondo-lhe o que me incomoda e estampo aquele mesmo sorriso que nada reflete minha realidade. Mesmo que você não o possa vê-lo, é dessa loucura que tento fingir que não existe, que estou bem demais. Aliás, como não estar? Olhe para mim, olhe bem. Eu estou feliz. Mesmo que já não nos compreendamos da mesma forma de tempos atrás, já não guardo rancores ou mágoa por a tempestade ter me fragilizado mais do que você. Eu me arrisquei enquanto você procurou refúgio em um lugar qualquer. Bem, de que isso importa? Se hoje não há mais nada a ser resolvido... Mas confesso, aqueles segundos foram decisivos. Um peso a menos na consciência, só por poder me iludir que em algum lugar de nós, já amadurecemos. Que aqueles dois idiotas que botaram tudo a perder aceitaram seus destinos e seguiram da forma que acham como deveriam. Num relance, perco-me no pensamento do enredo desse temporal, se a solução foi o fim de nós ou a calma da tempestade. Confesso ainda não compreender – aturdida desvencilho no caminho que me fez de única opção. Jamais houve um adeus. Um tom melancólico de desespero evidencia nos meus olhos. A existência se limita aqui. Ainda vejo desabar: esse não é o fim da tempestade. Cessa o temor que me extasia. Defronte a ti, a visão não mais se turva e estendo minha mão em tua direção. Entre as tuas, essa carta.
Fique para ti. Não me procure mais. E é tudo que eu digo. Deixo-te, estampado em tua face a dúvida, do receio dessa ser a diferença da nossa vida. Era preciso. Parti, mais por necessidade do que a própria vontade me impunha. No fundo, esperava eu observar tua reação. O céu rompe-se em claridade, que dos olhos me cegam. A serenidade me invade por inteiro – você terminou de ler a carta.
O silêncio preenche os vazios. Uma lágrima acompanha meu sorriso. Desvencilho do meu pesadelo.
Eu te disse adeus. Por toda a eternidade. Tempestade.
Ainda chove.

mercredi 18 janvier 2012

Lembranças

Essa é uma continuação do texto Daquele Primeiro Amor.
Henrique,
Foi tudo tão claro aquele dia. O céu não era mais límpido que todas as sensações que compenetravam meu corpo. Naquele momento me convenci de que queria ser assim, sua para sempre. O modo como sentia teus olhos brilharem, fazia-me pensar se aquilo tinha mudado tanto a sua vida como a minha mudara. Era estranho demais pensar que um dia senti repulsa de você. Não éramos mais os mesmos, éramos? Eu estava feliz demais por saber que o meu sentimento era o mesmo que o teu.
E, então, poucos meses depois foi seu aniversário.
Aquele era definitivamente o começo da tua puberdade.
A diferença que no ano passado você não era meu.
Fomos jogar boliche com seus amigos para comemorar. Você pediu que, daquela vez, nenhum adulto fosse. Eu achei aquilo tão maduro, que voltei a te ver homem demais para mim. No fundo eu ainda queria brincar com as minhas bonecas. Mas eu te queria mais, eu precisava ser como você! A partir dali eu tinha de me comportar como uma mulher. Naquela noite você me apresentou para os seus amigos, até mesmo para os que eu já conhecia. Mudara, apenas, de função. Agora eu era sua namorada. Aquilo me fazia arrepiar de uma forma inexplicável.
Você era meu namorado.
E eu, sua namorada. Não era?
E seus amigos eram um bando de crianças. A diferença era que tinham crescido como você e a voz engrossava. No fundo eles também queriam brincar de carrinho. Só que eles, inevitavelmente, tinham que se comportar como homens, mesmo não sendo nem se comportando como uns. Aquilo me assustou um pouco. Será que longe de mim você se comportava da mesma forma? Eu não estava me esforçando demais para tu ser um bobo alegre como eles? Não importava, eu gostava de ti. De corpo e alma. Às vezes mais alma. Outras, mais corpo. Mas era o nosso jeito que me encantava. Eu estava cada vez mais apaixonada por ti.
Eu amava até mesmo o nosso silêncio. Você me encarava com um sorriso meio torto no canto dos seus lábios, enquanto me fitava erguendo a sobrancelha. Eu gostava dessas suas manias de charme e como me fazia esquecer de qualquer angústia. Aquilo me aliviava de uma forma que mal sei explicar, mas só você me fazia sentir. Existia algo em ti que reconheço, fazia-me enlouquecer.
As fotos desse dia estão no meu colo. 
Por quê o que me fez feliz um dia, me faz tão mal agora?
Eu estava do teu lado defronte ao bolo, e enquanto a música de parabéns acabava, lembrei que sempre vinha aquela outra do com quem será. Foi por causa dessa estúpida canção infantil que percebi que tu gostava de mim. Tua mão pendia na minhas costas, enquanto seus amigos te zombavam por ser tão romântico comigo. Você sempre me tratou como a tua princesinha e isso me fez te amar cada vez mais. Quando disseram meu nome que eu casaria contigo, tu lascou um beijo na ponta do meu nariz, fazendo-me saborear aquela sensação de que, finalmente, as coisas estavam dando certo. Sem lágrimas e birras, éramos um casal.
Mal sabia que ele era o último parabéns que cantaríamos assim, juntos.
E apaixonados.
Um dia desses, um tempo depois do teu aniversário, te vi triste. Tua face era apática e teus olhos não brilhavam como sempre os vi. Até mesmo o céu entristeceu-se, tomando por cinza em todos os lados. Aquilo se fez escuridão no meu peito. Era insuportável vê-lo mal, e naquele momento, você não quis sequer me contar o que tinha acontecido. Vi sua mãe na janela, em prantos. Corri até a tua casa, e ela estava sentada, cobrindo o rosto com as mãos. Balancei teu rosto, implorando para uma resposta que fosse. Teu pai estava trabalhando e ninguém me contava o motivo de tudo isso. Naquele instante pensei que minha mãe talvez soubesse. Passei pelo quintal e você não tinha nem ao menos se movido. Nem sequer na minha presença foi suficiente para mudar seu humor. 
A distância entre as nossas casas nunca pareceram tão grande. Aquele quarteirão havia se esticado de uma forma inigualável. Mamãe estava na sala, e quando me viu, veio logo me abraçar. Ela também sabia! Eu odiava ser a última a saber das coisas e ela também não queria me contar! Tinha a ver com você e com todo mundo! Ah, Henrique, se eu soubesse... Você não teve coragem de dizer e eu senti toda a tua dor só por saber da boca da minha mãe. 
Vocês iam mudar. Iriam para outro continente começar uma nova vida, por causa de uma proposta que seu pai recebeu. Era como se você fosse fugir para um lugar muito distante... Intocável. Eu sabia que você voltaria para me ver de vez em quando. Essa distância era muito maior do que todas as que já existiram entre nós. 
Inclusive aquela entre os nossos corações.
Tudo seria tão diferente dali para frente, que eu sentia que o nosso sentimento não suportaria. Por mais que já quisesse tanta maturidade, nós éramos frágeis demais. Eu corri até a tua casa, enquanto as lágrimas escorriam dos meus olhos e uma sensação de vazio tomava meu corpo. Você estava da mesma forma, desde que saí dali. Tu chorava baixinho, engasgando tuas mágoas. Para ser sincera, tive medo de te perder. Eu te abracei, deixando todo o desespero daquilo ser evidente. Tu tocava meu rosto, minha pele, meu cabelo, como se tudo te fizesse sofrer demais. Você partiria em menos de duas semanas. Tudo teve um gosto de último. Nosso último momento junto, últimas lágrimas, abraço.
Nosso último beijo. 
E assim você se foi.
Tu voltaria nas férias do próximo ano. Também me prometeu que iria me ligar sempre, todas as noites. Ainda doía muito e minha dor só aumentou quando se passaram quatro meses e tu não tinha me ligado nenhuma vez sequer. Teu nome ecoava na minha mente, enquanto a saudade apertava meu peito. Teu cheiro começou a ser apenas uma essência nostálgica, teu toque tomou-se por um vazio e me vi perdida. Tua ausência ficou gigantesca quando tudo que me lembrava você perdia o que tinha de ti. Eu tentava te ligar, mas nunca consegui ouvir sua voz. Se aquilo era uma tentativa de fazer-me sentir pior... funcionou.
Nem seus pais ligavam mais para os meus. 
Eu não tinha notícias de você há tempo demais.
Passara um ano desde que partiu e tu não tinha voltado para me ver nas férias. O tempo foi abrindo um espaço vago entre nós e a minha felicidade. No teu aniversário, fiquei na minha cama, com o teu cheiro no travesseiro que usava quando dormia aqui. E como tudo que lembrava você, o teu travesseiro também perdeu a fragrância daquilo que mais amava. 
Me contaram que você morreu na semana passada.
Um acidente na estrada, uma explosão, três mortos e nenhum sobrevivente.
ㅤO último beijo. O adeus.
ㅤㅤVocê partiu.
ㅤㅤㅤEu me lembro do teu último aniversário.
ㅤㅤㅤㅤDe contar para os meus pais que estávamos namorando.
ㅤㅤㅤㅤㅤDe me sentir feliz ao teu lado.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤDe chorar por tua causa.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤE você pela minha.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤÉramos crianças.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤMas eu gostava de estar ao teu lado.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤNossas brincadeiras de tardes inteiras no quintal.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤVocê o nojento, eu a enjoada.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤTu era único para mim.
Apesar de tudo, nós nos amávamos, Henrique.
Eu lembro que tu nunca me julgou, mesmo com as minhas inseguranças. Sempre houve algo mais forte entre nós, que um dia te fez meu melhor amigo. Te vi crescer, nós crescemos juntos. Tua voz, teu corpo, todas as mudanças. Só você esteve tão presente assim na minha vida. Os segredos, meus arrependimentos, minhas lágrimas. Só, só você estava comigo, sempre.
Por que você teve que ir embora, Henrique?
Nós ainda tínhamos tanto para viver.
Eu encontrei o que precisava, mas você partiu cedo demais. Eu descobri tantas coisas... apesar da tua ausência, meu coração permaneceu fiel. Eu nunca te esqueci.
Você me esqueceu.
Mas por quê tudo teve de ser assim? O que nos fez chegar a esse ponto? Eu não queria! Não é certo, nunca foi! Você deveria ter ficado comigo e um dia encontraríamos a eternidade ao lado do outro. Teu cheiro desapareceu, todas as fotos no meu colo perderam o sentido. Essa maldita distância nunca deveria ter existido entre nós, nunca! Mas tu não está mais aqui para viver tudo isso. 
Por que eu só fui te amar de verdade depois que percebi... 
que eu não vou te ver nunca mais?

mercredi 21 décembre 2011

2011, Memórias – Dia 21

Dia 21 - Escreva uma carta para alguém

Olha que engraçado. Eu estava pensando em postar esse carta de novo. E há um ano, no dia 21 de dezembro do ano passado, eu a escrevi. Desculpem por não estar seguindo exatamente a proposta, mas estou fazendo algo muito bom e que vocês vão adorar! Toma tempo, portanto. Estou repostando essa carta por estar sem tempo para escrever uma (qualquer texto que eu escreva demora muito!!!). Espero que entendam!

Querido Papai Noel,
Não quero bonecas, não quero consumismo. Não quero dinheiro nem roupas. Isso é tão futil, não é? Todos esquecem o significado de Natal. Eu não quero isso, dinheiro não é tudo, por mais que digam que traz felicidade. Eu só posso te pedir uma coisa, certo? Eu não quero pedir dinheiro pra ter felicidade. Quero facilitar as coisas, tanto pra mim quanto pra você. Quero a felicidade. Não importa se trazê-la num potinho ou se eu já acordar com ela dentro de mim, só quero que essa felicidade tenha efeito pra sempre. Ando muito triste, chorando demais. Sim, Papai Noel, também choro por felicidade, mas a tristeza está me consumindo. Este ano me decepcionei demais, não quero que o próximo ano seja como esse, eu não suportaria. Não precisa me dar mais nada, se esta for sua dúvida. Se eu for feliz, estarei feliz com isso. Felicidade traz paz, amor, pessoas certas. Dinheiro é de menos, e se ele vier, é apenas uma consequência. Não tenho segundas intenções com essa felicidade, quero apenas ser feliz. Prometo ser boa aluna e boa filha, prometo ajudar o próximo e também preocupar com as pessoas que precisam. Não serei teimosa ou gananciosa, isso é apenas pra pessoas infelizes. Porque Papai Noel, a ganância e o egoísmo está subindo a cabeça de todos. Ninguém mais sorri ou se preocupa com o próximo. E por não ser egoísta, te peço também que deixe um potinho de felicidade para cada pessoa no mundo, até para aquelas que não se comportaram bem esse ano ou que já são felizes.
Todo mundo merece felicidade. 

Por favor Papai Noel, atenda meu pedido, ele vem do fundo do meu coração machucado. Não preciso de motivos para ser feliz, só quero um sorriso no rosto e uma risada gostosa sem fim até faltar ar.
Se não for pedir demais, quero que traga outra pessoa do mundo que também pediu felicidade de Natal. Essa pessoa seria perfeita pra mim, nos entenderíamos perfeitamente. Posso ser um pouco mais exigente? Que esta pessoa que também quer felicidade, tenha um bom coração pronto pra amar, um corpo modelado, cabelos brilhantes e que não goste de futebol. E claro, seja um garoto: não preciso de uma outra melhor amiga, obrigada. Se eu não puder fazer dois pedidos de natal, quero que então traga a felicidade dentro do garoto perfeito. Machuquei muito com idiotas, se me entende. Veja só Papai Noel, ele vai pedir alguma coisa cara de Natal! A felicidade não está nas coisas, está em nós, não é mesmo? Ele é um bobão sem coração. Desacreditei do amor e preciso de um novo. Opa, já estou falando baboseiras demais. Esquece essas coisas que eu te falei. Eu só quero minha felicidade num potinho e que tenha doses suficientes para minha vida inteira. E que todo mundo ganhe uma amostra da felicidade também. Não precisa encontrar e me dar de presente o garoto perfeito. Eu me viro com isso. Eu vou ser feliz, e é isso que importa. Um dia eu esbarro com ele por aí, possivelmente brincando com crianças num orfanato. Eu me viro, Papai Noel, eu me viro. Meu presente não te custa caro, não é mesmo? Sorrisos são grátis. Todos podem dizer que você não existe, mas por acreditar, pra mim, você existe. Assim como felicidade, amor, destino. Isso tudo é questão de fé. Acreditar naquilo que se é incapaz de entender. Eu acredito que as pessoas podem mudar e que se pode ser feliz pra sempre. Eu acredito em felizes pra sempre. E por acreditar, eu espero ansiosamente o amanhecer, para que encontre do lado da minha carta meu potinho de felicidade. Ou que encontre dentro de mim, ao amanhecer, a felicidade de estar viva. De estar vivendo com o presente mais valioso de todos. Ah, claro, se não puder me dar felicidade, eu quero voar. A vista do alto é maravilhosa, e assim posso encontrar a pessoa que me faz feliz. Ele me faz feliz como ninguém. Acima de dinheiro ou egoísmo, ao lado das melhores pessoas, ser feliz é o que importa, não é?
Espero que sim!
Com um sorriso no rosto, eu.
(Texto escrito em 21 de dezembro de 2010.)

mardi 13 décembre 2011

Daquele Primeiro Amor

Henrique,
Lembro de quando nos conhecemos. Se nossos pais não fossem melhores amigos, eu nunca teria aturado você por tanto tempo. Você era menor que eu mesmo sendo dois anos mais velho. Tu com 10, e eu 8: te vendo como uma aberração. Era inevitável que com essa idade ainda existisse uma tênue divisão entre meninos e meninas. Os nojentos e as enjoadas. E assim nos correspondíamos na infância –e até depois do fim dela: 
Henrique o nojento, Mariana a enjoada. 
No entanto gostávamos da presença um do outro: era mais divertido ter a tua companhia do que ficar assistindo televisão sozinha, enquanto seus pais conversavam com os meus na sala. E a gente foi se aproximando, tornando amigos daqueles que passavam a tarde toda brincando no quintal. Então, te vi chorar no meu aniversário de 9 anos, quando falaram o nome do meu primo e não o seu no com quem será
Será que já não estava grandinho demais para dar birra? 
Aí senti mais nojo ainda de você.
Eu nem gostava muito de você. Quer dizer, eu gostava da sua companhia porque era chato ficar sozinha ou brincar com meu irmão mais novo. Tipo, você tinha 11 anos e ainda chorava que nem um bebezinho. Que menino com mais de dez anos ainda era tão infantil? Claro, você sempre contrariou as leis da maturidade. 
No meu colo tenho fotos nossas juntos. Nesse ano que chorou por minha causa você já tinha quase a minha altura. No seguinte, você incrivelmente abriu dois palmos de diferença de mim. Com 11 eu já não sentia tanto nojo de você, e começava a entender suas crises que tinha com essa idade. Eu também comecei a te enxergar de outra forma. Sua idade já trazia os primeiros sinais da puberdade. Achava engraçado ver sua voz mudar de timbre de repente. Melhor ainda era te chamar de pateta desafinado, e você ficava bravo comigo.
E eu fui te sentindo mudar. Eu também mudei. Tu perdeu a vontade de brincar comigo e nós passávamos mais tempo conversando do que fazendo o que eu queria: ficar correndo atrás do outro no quintal. Você começou a contar seus primeiros rolos, e eu te achava homem demais por fazer isso. Afinal, mamãe me dizia que Henrique já era quase um adulto. E eu, me via a criancinha que ainda brincava de boneca. 
E comecei a querer ser como você: grande
Tu falava de uma menina da sua classe. Ela era linda, era um pouco maior que eu e tinha os cabelos longos. Sentia até seus olhos brilharem falando dela. Tentava conter um sentimento que eu pouco entendia: o ciúmes. Numa noite qualquer, deitei no colo de mamãe e chorei por sua causa e pelo ciúmes daquela menina.
E que irônico, eu tinha 11 anos.
Será que eu já não estava grandinha demais para dar birra?
E eu te entendi completamente. Tornou-se lúcido e passei a te ver diferente. Naquele aniversário tu chorou por gostar de mim. E eu também chorei por gostar de você. Por que não tinha percebido isso antes? Por mais que tivesse algum resquício de nojo de você, não gostei quando contou que tinha beijado a tal menina. Foi o seu primeiro beijo. E tu disse das sensações que teve, e no fundo desejei sê-la. Afinal, eu já não era mais sua prioridade. Só às vezes. É que você começou a ficar ocupado demais. Tu cresceu e tal. Eu fui ficando para trás, criança demais. 
E você dizia que eu não entenderia, por eu ser tão pequena. Mas eu entendia! Eu queria entender! E faria tudo para acreditar nisso.
Não era como se tudo fosse mudar de repente, mas eu já tinha 12 anos. Você faria 14 em breve. Nessa noite saímos para comer pizza. Me senti mais velha, ou consideravelmente menos criança. Guardei todos meus brinquedos do meu quarto, só para você ver que eu não era tão nova assim. E eu já desejava notar as primeiras diferenças no meu corpo que nem vi no seu. Havia pouco tempo que você tinha dito que ia esquecer aquela garota. Eu amei aquilo. E mais, me atrevi: peguei na sua mão debaixo da mesa e sorri. E tu segurou minha mão mais forte, sorrindo também.
Esse foi o momento que cresci para ser sua.
Na semana seguinte meus pais viajaram. Os seus ofereceram para que eu ficasse na sua casa durante a viagem. Eu dormiria no quarto de hóspedes, do lado do seu. Sua mãe sempre gostou muito de mim, e algumas vezes tu tinha até raiva disso: ela me dava atenção demais. Paparicava-me por ser a menininha que ela nunca teve. Eu gostava mais ainda por ela sempre me defender e me querer perto de você.
Uma tarde dessas no jardim, enquanto meus pais estavam ausentes, nós conversávamos sobre muitas coisas.
Você me chamou de melhor amiga.
E pensar que um dia te achei nojento.
Eu estava deitada no seu colo, enquanto enrolava meu cabelo nos seus dedos. Eu adorava quando você me observava, me fitando enquanto pensava em coisas aleatórias. Era tanto tempo juntos que às vezes nos víamos sem assunto. E o silêncio se tornava nossas melhores palavras.
Eu amava te entender no simples gesto de te olhar.
E no conforto de silenciar-se, porém correspondidos por infames olhares de desejo, desviei dos seus olhos quentes, fingindo olhar para o céu. Era tão azul e claro. Seus dedos caminhavam pelo meu rosto, fazendo-me arrepiar e pior, você percebeu e riu disso. Quando sorria tudo se tornava tão brilhante quanto o sol sobre nós. Senti seu temor e lá estava tua dúvida, pairando a cabeça. 
Só que eu não queria te perder outra vez
Te puxei pela gola, e fiquei sentada no seu colo. E a única desculpa que te dei por isso era porque a grama tinha começado a me pinicar por ficar tanto tempo deitada. Você riu de novo, por saber mais uma vez que estava te enrolando. O ruim de nos entendermos tão bem era justamente esse: nos entendíamos na verdade e desmascarávamos na mentira. Simples. Eu te abracei sentindo sua respiração no meu pescoço. Tudo aquilo era muito novo para mim. Por um instante jurei ter visto sua mãe na janela sorrindo para nós dois. Mas eu nada disse, tampouco ela.
Mariana é a garotinha mais linda que existe ouviu, meu filho?
Eu bem sabia que ela não iria nos atrapalhar.
E você me abraçou mais forte, apertando teu corpo contra o meu. Seus braços me envolviam de uma forma que tive vontade de nunca mais sair dali. Apertou delicadamente meus rosto entre suas mãos, erguendo meus olhos na altura dos seus. Seu rosto estava a centímetros do meu, nossas respirações se misturavam e o seu shampoo parecia mais forte. Eu senti alguma agitação no estômago? Bem que mamãe me disse das borboletas. Sentia a minha temperatura aumentar a medida que se aproximava mais de mim. Seus dedos caminhavam pelo meu rosto, contornando meus olhos e lábios. Enquanto isso, você espalhava beijos pelo meu pescoço e pela minha orelha.
E pensava: como eu já tive nojo de ti?
Você foi aproximando sua boca da minha hesitante e senti a sua respiração ofegar quando nossos lábios se roçaram levemente. Sua língua invadiu minha boca e me deixei levar por aquela estranha sensação de beijar meu melhor amigo. Fechei meus olhos e senti que tudo era bom demais contigo. Puxei teu cabelo como quem dissesse: nunca mais me solte.
Quero ser sua para sempre.
Você afastou seu rosto do meu, e então percebi o quanto estávamos sem fôlego. Tu teve a sensação de vazio? Eu tive. Mal respirei e você acabava com o espaço entre nossas bocas. Eu sorria, mesmo com nossos lábios colados. Eu desejei tanto aquele momento, que mal acreditava que podia te chamar de meu nem que fosse durante aqueles minutos que me me beijava. 
Foi meu primeiro beijo.
E você Henrique, o meu primeiro amor.
Mariana.



ATENÇÃO: Esse texto ainda não foi finalizado! Na segunda parte dessa história, e garanto, me emocionei muito mais escrevendo-a. Sinceramente, amei o final dessa crônica (pt. 2).

Leia a continuação aqui: Lembranças

lundi 21 novembre 2011

Querida Eu no Futuro,

Quanto tempo precisamos para mudar? Será que daqui uma década seremos tão diferentes? Quem nós levaremos e quantos ficarão para trás? E os amores, serão os mesmos para sempre? E se não forem, quanto tempo vão durar? Ah, querida eu, sensação tenho que ainda preciso caminhar. Quando será que vamos nos encontrar?
Quantos desafios ainda temos que superar? Quantos obstáculos desviar? E nesse nosso peito, será que ainda vai doer? Quantas pessoas vão nos machucar? E se tentarem, vão conseguir? Vamos ser fortes? Por favor querida eu, não me decepcione. Traga-me bons momentos, faça-me viver novos tempos melhores que agora. Proporcione boas doses de sorriso e quando sentir falta, nostalgize-se comigo. Faça-me acreditar que aí na frente serei feliz e assim, nessa esperança, seja realidade. Não demore, não falhe, chegue. Que eu seja e esteja no passado, e finalmente, nós no presente. Que de tanto, só se passem de memórias e lembranças de mim, aqui e agora. 
Ah, doce mulher, quantas marcas do tempo vamos levar? Será que um dia vamos faltar? Sei que muitas vezes vamos só existir. Não cometa os mesmos erros, não magoe pelos mesmos amigos. Não sofra pelas mesmas pessoas nem chore pelos mesmos motivos. Não ande pelas mesmas ruas, conheça novos caminhos. Beije outras bocas, fique um pouco sozinha. Não tenha pressa, ande a pé ou de bicicleta. Experimente novos sabores, pessoas, sentimentos!...
Só não deixe a nossa vida cair na rotina.
Espalhe as fotos antigas pelo chão com lembranças de momentos como agora. O brilho da lua no alto do céu, e o mundo que gira do lado de fora. Faça rimas com as músicas que fiz, tente lembrar o ritmo. Reviva outros romances, até os dos meus livros preferidos. Conte histórias de como eu sou hoje. Diga das loucuras que fizemos em momentos de insanidade. Ligue para as minhas atuais amizades. Faça versos, mesmo em prosa. Pinte nosso quarto de rosa. Cante minha música favorita, aproveite a estação florida. Tome banho de chuva e gripe depois. Deite no colo do papai e conte segredos sobre os dois. Perca o medo da altura e de lugares fechados. 
Tenha sempre alguém ao seu lado.
Imagine e ria de nós, daqui algumas décadas. Pense nas besteiras e nos pequenos momentos. Nas grandes pessoas e no que levamos aqui dentro. Tente o novo todo dia e o dia todo. Preocupe-se e faça a diferença. Seja a diferença. Ame incondicionalmente sem se arrepender. Ah, querida eu no futuro, viva de gargalhadas. Tenha na ponta da língua alguma palhaçada. Além de ser feliz, faça os outros também. Faça tudo o que não tenho coragem de fazer hoje. Não viaje com destinos: seja-o. Descubra-nos! Seja mais, seja melhor, mas continue sendo sempre nós. Não perca tempo, lute pelo que nunca lutei. Não deixe nada para depois. 
Encontre o amor da nossa vida.
Enquanto o tempo não passa, desejo-lhe que seja o melhor que podemos ser. Faça o bem para si e para o próximo. Engrandeça-se de sorrisos, esqueça as lágrimas. Abrace meu melhor amigo, o vizinho, a ex sogra. Leve-me consigo. E ainda sem passar, erro, tropeço, machuco: um dia ainda aprendo. E esse dia vai chegar, e enquanto não chega, sigo em frente, ansiando por nós duas. 
É, querida eu no futuro, só sei que há muito o que viver.
Até eu ser você.

vendredi 4 novembre 2011

Só Existo

"Tende por certo: amar se aprende amando."
Carlos Drummond de Andrade
O céu está azul demais para o tamanho da minha tristeza. Os pássaros se rebuliçam todos juntos, e isso está me irritando muito. A vizinha de cima resolveu colocar um salto agulha para acabar com a minha paciência. São nove horas da manhã e alguém já está ouvindo funk para o fim de semana. E ainda é quinta-feira. Minha música preferida soa como um ruído. Meu vestido preto não está me deixando melhor. Meu cabelo está sem brilho. Meus olhos então...
Só sei que tem dia que tudo não está como deveria.
Hoje parece-me que tudo está perdido, inclusive eu. Minha cabeça dói, tudo gira. Não há nada nessa casa para me distrair e tirá-lo do meu pensamento. Hoje completa mais um mês de ausência. Estou sozinha e sinto culpa por isso. Não quero chorar, mas não quero ser forte também. Tenho vontade de fugir, desaparecer. Por que tudo tem que dar errado? Por que comigo, por que sempre comigo? Não é justo. Parecia até que antes meu coração batia normalmente, e hoje sou repletas de batidas aceleradas e pausas frequentes. Tudo se resume em uma única palavra.
Inconstância. 
Da forma como estou, não sei se vou ou se fico. Se mudo ou deixo como está. Se amo ou se odeio. Se sorrio ou se choro. Sei que sinto um aperto no coração. Ninguém nunca me deu uma explicação, só eu me compreendo. Tento, pergunto, duvido. Não existem respostas, apenas falhas. É uma falta. É um vazio. 
Sou eu. 
Me sinto tão incapaz, tão mal por tudo isso. Vontade tenho eu de desistir. Esse sol do lado de fora me incomoda. Eu quero mesmo é a escuridão. Será que há alguém que se importe comigo? Meus amigos são verdadeiros? Por que não sou como os outros? Sei que hoje é um dia a menos. Um dia que não conta, que não quero viver. Então eu pensei nele, pensei em mim.
E chorei por nós.

Quis cessar uma dor que sinto sozinha, e que para ele sei: já passou. Nubívago que seja, sonhar com um passado de nós dois é algo frequente e inevitável. O que o coração grita, a alma traz aos olhos. E o tempo dança, o mundo gira, e eu, com o pensamento nas nuvens. E isso me leva a pensar no tamanho da minha estupidez por ainda estar sentindo algo tão subjetivo e intocável, e infelizmente, tão meu. Pobre de mim que nasci assim, sentimental e emotiva. Porque sei, o que falta não é um relacionamento ou alguém aqui do meu lado. O que falta mesmo é preencher o vazio que existe de dentro para fora, que contagia meu corpo num todo, que só me quero sozinha, em mágoas e dores particulares, insuportáveis a olhos alheios. Cada um tem seu jeito de amar, e ao que me parece, escolhi da pior forma possível: sofrendo. 
Gosto da vida como uma constante loucura. Gosto de tocar o céu, tirar os pés do chão. De sorrir para minha gatinha manhosa. Da simplicidade e do surpreendente. Abstrair num momento sublime. Encontrar a verdadeira importância nas pessoas. Saborear da melhor comida. Tomar a melhor bebida. Procurar uma saída.
Não sentir-me tão perdida.
Mas o sol não brilha como deveria, tampouco a parte que me resta dessa alma tão desgastada. Hoje só quero minha cama, meu travesseiro, minhas lágrimas. Decepções já bastam as que tenho até de ontem. Mesmo que hoje seja um dia desperdiçado, sinto que algo está errado aqui dentro. Se ainda há tempo, devo consertar o que falta. Só não sei se o que é: se é amor ou saudade.
Todos os meus surtos instantâneos de querer aproveitar a vida adormecem com esse coração que, para hoje, só tem o pulsar. Deixa a vida para depois, não estou afim de aproveitá-la. Me deixe sozinha, está doendo ainda. Espere, vai passar. Amanhã eu vou... Amanhã eu vivo.
Hoje não, hoje eu só existo.

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