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adstera

jeudi 2 juillet 2015

Eu aprendi a ser amada de verdade

Você entrou e segurou o meu coração na mão. Eu sangrava e implorava por um pouco de atenção enquanto você o apertava até que ele cair no chão, em pedaços. Eu pensei que a nossa história era de amor enquanto participávamos de uma tragédia grega.
Eu aprendi. Aprendi a não chamar tanto a atenção. A não cobrar de quem não quer se comprometer. A me virar. A ser auto suficiente. A não precisar do seu aval para qualquer situação vivida por mim.
Mudei meu coração de endereço e só levei o que não me pesaria as costas. Achei novos amores que não deram muito certo e depois achei um que era a minha cara, impossível ser mais perfeito. Achei até a minha auto estima que ficou pairando no ar depois de ser resgatada do fundo do poço. Aprendi a ouvir as músicas com mais atenção, percebi que eu era capaz de muito mais do que você determinou que eu seria. Eu saí do seu caminho e espero que você consiga sair rapidamente do meu. Eu sei que a estrada é escura quando estamos sozinhos, mas você é capaz. Se eu fui, qualquer um é.
O amor que eu sempre quis já morava dentro de mim e eu estava louca pra poder dar vazão a esse sentimento lindo que você recusou tantas e repetidas vezes. Mesmo com a praga que você rogou, eu tô aqui amando e sendo amada. E mesmo se não estivesse, eu saberia que em algum momento alguém ia perceber que o meu coração é do tamanho do mundo e que se eu sofri muito é porque eu era capaz de dar muito mais que o seu ego era capaz de receber.
Troquei a roupa, troquei a nossa foto emoldurada por um retrato que fizeram de mim. Troquei até a foto da minha identidade porque eu não consigo reconhecer aquela moça da foto antiga da época que ainda estava presa a um amor unilateral - que você, curiosamente, não abria mão nem a pau.
Eu chorei por meses. Chorei tanto que achei que eu ia acabar secando as lágrimas algum dia. Chorei alto e você até debochou do que eu sentia enquanto você dizia que não. Chega um momento que a gente cansa de chorar e parte pra briga. A minha briga foi comigo mesma, pra deixar pra trás uma história com um roteiro pobre, cheio dos clichês e cheia dos erros de continuidade. Eu deixei de dirigir a minha vida por medo da sua invadir a minha história novamente, o que não vai acontecer nunca mais. Deixei no meio do caminho até o livro que você me deu com dedicatórias engraçadinhas sobre a vida, sobre uma parte de mim que não existe há muito tempo. Eu te deixei porque descobri que o amor é muito mais simples que os seus joguinhos de manipulação emocional. Descobri que o amor é rico, que o amor é bom e que é possível acontecer comigo também.
Eu achei que eu nunca mais ia me apaixonar.
Mesmo.
Eu achei que eu ficaria chorando pra sempre a perda de alguém que nem era especial, que é mais sem graça que qualquer outro ser que eu conheci. Quando eu via luz em você, era porque eu tinha pouca experiência. Quando eu te achava lindo, é porque não olhava com atenção ao meu redor. Quando eu ficava brava, era porque você me ignorava e eu estava ao seu lado incondicionalmente. Se achei que você algum dia me amou, foi por inocência. Quando achava que você era importante, é porque eu não tinha dado conta da minha própria importância no meu mundo.
É isso, passou. Acabou. Foi um filme ruim. Um livro cheio de capítulos exagerados. Ele deu lugar a uma nova história cheia de cumplicidade e gargalhadas enquanto se admira o sol se pondo do ponto mais alto da cidade. Deu lugar a uma história que vale a pena ser lida. Deu lugar a uma pessoa que sabe muito bem como me fazer feliz. Que me tira o riso fácil e dá asas para a minha cobra.
Quando somos amadas de verdade, sabemos que todo o resto foi pura ingenuidade.


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