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mardi 15 mai 2012

As Cem sem-razões do Amor

"Eu te amo porque te amo. 
Amor é estado de graça, e com amor não se paga."
– As sem-razões do amor, de Carlos Drummond de Andrade
Estive relendo um dos meus livros preferidos de Rubem Alves. Ao contrário do apaixonado Drummond, Rubem procurava as cem razões do amor. Nesse embate literário entre dois escritores ilustres, a pergunta que não me calava na mente seria as razões que levam alguém a amar.
Sinceramente, não sei explicar o amor. 
Sem tanto compreender e, por isso, preferir apenas senti-lo, sem exigir tais explicações, não procuro entender as razões do amor. A constância está na não-matéria de amar, você não precisa tocar no amor ou simplesmente vê-lo para saber que ama. Você ama às cegas, no escuro, mas sabe –ou pelo menos acha– que ama. Não se pede para amar. Não se exige amor. Não se mede amor porque, diferente de todos os objetos mensuráveis, seu tamanho não consta em escalas matemáticas.
Junto do amor, surgem outros inúmeros sentimentos que também são sem-razões.
Quem ama não precisa de um por quê ou para quê. Ama-se, simplesmente.
Diria Fernando Pessoa, que não se conhece nenhuma outra razão para o amar senão o amor. Esse estado de alma transmite sensações que são auto-suficientes. Se bastam, se completam. A saudade surge na ausência quando o vazio substitui o espaço que o abraço preenchia. E cartas de amor, apesar de dizerem o óbvio, nada além do que se justifica a escrita, o sentimento e a necessidade de dizer cada palavra elaborada para tocar o coração do destinatário. O amor pode ser tantas coisas. Um beijo, uma despedida, uma lembrança, uma fotografia, olhares que se cruzam por segundos, uma declaração em sussurros, uma palavra dita por impulso. O amor está em incontáveis situações que a ciência não consegue comprovar. O amor faz suspirar, o peito estufar-se em anseios, vontades e desejos apaixonados. E por mais que se procure o significado de amar, pouco se sabe, menos ainda se explica. É possível um mesmo sentimento causar tantas sensações diferentes? E o mais instigante, em pessoas que o compreendem de jeitos às vezes completamente distintos?
É assim que cada um ama. Da sua forma, ao seu tempo, à sua maneira, à própria intensidade.
E por isso, gosto de acreditar que não existem cem razões que levem alguém a amar. Amor é uma emoção e não exige motivos para senti-lo. É como perguntar para um apaixonado: o que você ama na pessoa que ama, que te fez amá-la a esse ponto? Difícil, não? Diria que é uma pergunta praticamente sem resposta, se fosse usada uma das cem razões de amar, que sinceramente, não consideraria válidas. Pelo contrário, pouco explicaria. Amor não se explica, afinal. O amor é a presença sensível de um sentimento invisível. Dentre tantas tentativas de transformar esse estado de exímio ápice em alguma palavra coerente, acredito que um dia cada um de nós irá descobrir as cem sem-razões de amar. E será uma resposta tão única quanto o próprio amor que sente. E para finalizar, quero deixar uma pergunta que não preciso saber sua resposta, mas que reflita consigo mesmo. O que você ama em quem você ama? Essa resposta seria uma das sem-razões do porquê de amarmos. E por isso, prefiro concordar com Drummond. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários. Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim.
Ao invés das minhas palavras, finalizo com as palavras dele, que já tentou desvendar as sem-razões de amar.
Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. 
Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo.
(...) Eu te amo porque te amo.

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